Instrumentos da capoeira

Berimbau  

O berimbau é um instrumento musical de corda bastante conhecido no Brasil por ser um dos elementos centrais das rodas de capoeira, definindo os ritmos da dança. De fato, acredita-se que o mesmo tenha surgido em antigas tribos africanas, as quais o usavam em rituais fúnebres, e sido levado para o Brasil por meio dos escravos a partir de 1538. Antes de ter o papel de fazer o acompanhamento musical da capoeira, o berimbau já era utilizado por vendedores de doces, geralmente escravos alforriados, para chamar a atenção da clientela. A capoeira era acompanhada somente por palmas e toque de tambores, posteriormente foi introduzido o berimbau, só se ligou a capoeira no século xx. Introduzido pelos angoleiros, o berimbau se tornou a grande a grande estrela da roda de capoeira.

Pandeiro   

Muito difundido e utilizado por diversos povos, o pandeiro é considerado um instrumento muito antigo, encontrado na Índia e até junto aos egípcios (1700 a.C.), com função de instrumento marcador de ritmo e acompanhamento. A maior parte dos estudos aponta para chegada do pandeiro ao Brasil por via portuguesa. Inclusive existe registro que esse tambor já estaria presente na primeira procissão de Corpus Christi, realizada na Bahia, a 13 de junho de 1549. Na capoeira, o pandeiro trabalha na marcação do ritmo estabelecido pelo berimbau. Na maioria das rodas de capoeira, o pandeiro utilizado possui pele de couro animal, tornando-se assim menos estridente. Inclusive, existem relatos de que Mestre Bimba retirava algumas platinelas do instrumento, tornando o som ainda mais grave, o que ele considerava o tambor da Regional. Segundo o mestre, os pandeiros deveriam ser afinados no tempo... no sereno, e tocados em pares, onde um marcava o passo e o outro se soltava no solo.

 Atabaque

Assim como o pandeiro, os tambores são instrumentos muito antigos. Difundido na África, o tambor também aparece em registros persas e árabes. Inclusive o termo atabaque é de origem árabe. Mesmo com essa ligação africana, acredita-se que o instrumento já tinha sido trazido por mãos portuguesas quando chegaram os escravos africanos. Uma vez aqui no Brasil, o atabaque foi incorporado à cultura afro-brasileira de uma forma tão intensa que grande parte das manifestações culturais e religiões afro-brasileiras, se não todas, apresentam o tambor como instrumento musical marcante. O samba, o jongo, o maculelê, o batuque, a umbanda e principalmente o candomblé são exemplos. Na capoeira, como não poderia deixar de ser, o atabaque se fez presente nos primórdios do jogo. Instrumento que, quando bem tocado, fornece uma beleza maior às baterias, aparece com frequência nas rodas de capoeira como instrumento de marcação do ritmo estabelecido pelo berimbau. Uma exceção surge nas vadiações das capoeiras que seguem "à risca" os ensinamentos de mestre Bimba, dentre os quais a não utilização do atabaque.

Agogô     

Instrumento musical formado por dois cones metálicos unidos por um arco também de metal, o agogô é outro instrumento muito presente na cultura afro-brasileira. Sua entrada no Brasil aconteceu com a chegada dos negros africanos. Inclusive o vocábulo agogô é de origem nagô e significa sino. Assim como no caso do reco-reco, sua aparição inicial nas baterias de capoeira ocorreu, possivelmente, através dos mestres Pastinha e Canjiquinha. Presente em diversas danças e ritmos da cultura popular, sua maior participação é muito comum no samba e nos terreiros, nas cerimônias religiosas afro-brasileiras.

 Reco-reco 

É instrumento comumente feito de um gomo de bambu, ou até mesmo uma cabaça alongada, com sulcos e tocado com uma vareta. Também aparece em construção de metal contendo molas ao invés de sulcos, como pode assistir em roda de mestre Curió. Acredita-se na sua origem africana, uma vez que sempre esteve ligado às manifestações afro-brasileiras. Atualmente, se mostra presente principalmente no samba, mas também empresta seu ritmo a outros folguetos como olodum e até mesmo o reggae. O reco-reco historicamente parece ter sido introduzido na capoeira através do Centro Esportivo de Capoeira Angola de mestre Pastinha. Hoje em dia aparece em muitas rodas dando sua contribuição na marcação do ritmo do jogo. Segundo Miltinho Astronauta, Mestre Gato Preto, um dos organizadores da Capoeira Angola no Vale do Paraíba, introduziu uma forma diferente de se dar início à bateria. No caso, o reco-reco inicia tocando, para só então, depois da assistência perceber que o ritual está sendo iniciado, é que o Berimbau inicia o toque de Angola, seguido pelo São Bento Grande, Angolinha (no Viola) e demais acompanhamentos. Mas em outros trabalhos também orientados por Mestre Gato Preto isto não acontece, ou seja, quem começa tocando sempre são os três berimbaus, e o reco-reco entra com os instrumentos de apoio.

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